sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Moradores Novos










Certa vez estava eu indo para a aldeia e no caminho encontrei uma pessoa com características indígena. Estava ele carregando uma caixa de picolé. Curioso, perguntei se ele morava na aldeia, pois eu não tinha lembrança de vê-lo por lá. O engraçado é que só eu falava, ele apenas respondia com um “humrrum!”, eu pensava em silencio comigo mesmo: “meu Deus que língua é essa desse homem que só fala humrrum?” Quando ele se deu por vencido afinal acredito eu que até então ele não sabia que eu ia subir pra aldeia. Mas quando ele viu que dobrei o caminho junto com ele, então ele finalmente falou. Perguntou se eu ia subir pra aldeia. Eu disse que sim, que sempre ia lá. Nessa época eu não fazia nada de projeto, somente a cantina já estava pronta, no mais eu ia sem compromisso com nada, se aparecesse algo com certeza eu fazia. Ele disse que tinha chegado do sul, mas que não estava se adaptando pois onde ele morava não era pede montanha, e isso estava acabando com ele. Fora que não tinha como ganhar dinheiro, por isso ele ia sempre a Angra dos Reis buscar picolé pra vender na aldeia. E de fato subir para a aldeia não é para qualquer um, é muito cansativo, para quem já mora aqui há anos é super normal. Eu mesmo no início fui humilhado por dois velhinhos que passaram a minha frente e sumiram. Ao chegar perto da escola ele virou a esquerda e eu pude ver onde ele estava morando. Era uma casinha onde as paredes eram de madeira bem fina (tipo uma cerca de bambu, um do lado do outro) de forma que se via tudo. Acabei ficando ali com ele e conversamos um pouco. Foi então que ele me pediu se podia arrumar pra ele uma foice, um facão e uma enxada. Não prometi mas disse que ia ver o que podia fazer. Depois de um tempo subi até a casa da Rosa. Nesse tempo ainda não conhecia o João o que veio acontecer em 2009. Passado alguns dias eu passei uns e-mails a alguns amigos de Orkut pedindo a colaboração de dez reais para poder comprar o que o índio me pediu. O que foi prontamente providenciado, quem me conhecia sabia que meu trabalho era serio. Depois de dois dias já estava com o dinheiro na mão e fui comprar o material para o tal índio. Ele ficou muito satisfeito pois agora poderia limpar seu quintal e ir na mata cortar taquarinha para sua esposa fazer seu artesanato.

Nesse post quero agradecer a minha eterna amiga Lili de Goiânia, a Mara, o Pedro e o João aqui do Rio. Não fui eu quem contribuiu para com a alegria desse índio mas os meus amigos que proporcionaram isso eu somente fui o porta-voz

Muito obrigado a todos.


Em 2010 eles voltaram para seu estado de origem


Guilherme JaberPostado por Guilherme Jaber

Neste blog mostro um pouco de meu trabalho voluntário que faço na Aldeia de Brackuy em Angra dos Reis com índios da etnia Guarani Mibia. Meu trabalho consiste em ensinar a eles maneiras alternativas de construção de moradias sem agredir o meio ambiente. Para mais detalhes sobre esse trabalho... Entre em Contato

Obrigado


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